Data: 31/10/2011
Fonte: Valor Econômico
O setor de galvanização busca enfatizar junto à sociedade e aos órgãos públicos a importância de associar o conceito de durabilidade à sustentabilidade. Por dar maior vida útil ao aço, a aplicação da galvanização contribui para o uso racional dos recursos naturais, evitando desperdícios e reduzindo a extração de minérios, principalmente o ferro, que vai na composição do aço.
Segundo Ricardo Suplicy Goes, gerente executivo do ICZ, a legislação atual obriga o uso de materiais galvanizados em placas de sinalização, postes e guard rails, mas não há nada que regule a obrigatoriedade de peças estruturais, como colunas e vergalhões galvanizados, em obras públicas de grande porte, como pontes e viadutos. No caso dos vergalhões galvanizados por imersão a quente, há estudos que garantem que a sua presença na obra garante vida útil ao concreto até cinco vezes superior ao vergalhão sem tratamento anticorrosivo.
Caso o vergalhão de aço não tenha um processo contra a corrosão, ele começará a se deteriorar e sua dilatação irá afetar as colunas de concreto, provocando rachaduras e comprometendo a segurança dos usuários. A técnica é praticada em larga escala na Europa e nos Estados Unidos.
Há mais de 30 anos no estudo de patologias de estruturas, o engenheiro civil Carlos Henrique Siqueira, consultor da CCR (concessionária da Ponte Rio-Niterói), afirma que a situação das obras públicas é "lamentável", especialmente no Rio de Janeiro. "Já vistoriei cerca de 3 mil obras na minha vida e todas apresentam problemas de corrosão. Os governos gastam dinheiro e sabem que isso vai se repetir. No Rio, viadutos como o da Perimetral e do Joá estão caindo aos pedaços. Não sei como estão de pé".
De acordo com números do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), cerca de 5 mil pontes e viadutos estão sob gestão pública, dos quais aproximadamente 500 exigem manutenção urgente.
Com base nesses dados, o Ministério dos Transportes lançou o Programa de Reabilitação de Obras de Arte Especiais, que teve orçamento inicial de R$ 1 bilhão, posteriormente ampliado para R$ 5,8 bilhões em razão da precariedade das pontes e viadutos. Segundo Siqueira, para que os problemas não se repitam no curto prazo, o ideal seria que constasse nos editais de licitação a obrigatoriedade da especificação de materiais sustentáveis e de longa durabilidade, como, por exemplo, os vergalhões de aço galvanizado.
Além das obras viárias, o uso de aço galvanizado pode ser estendido para a área de habitações populares, segundo Silvia Scalzo, da divisão de desenvolvimento de mercado da construção da Arcelor Mittal. Líder nacional na produção de aços planos, a empresa desenvolveu a linha Light Steel Framing, um sistema construtivo que utiliza perfis de aço galvanizado conformados a frio para a montagem de painéis estruturais.
Segundo Silvia, o material substitui a alvenaria, tem alta durabilidade e pode ser reciclado. "O custo inicial é pouco mais elevado, mas o investimento vai ser recuperado ao longo da vida útil", afirma.
Fora do Brasil, o uso da galvanização em obras públicas e privadas é visto em diversos projetos, inclusive com soluções arquitetônicas criativas, que mesclam aço galvanizado com madeira, como no conjunto de habitações populares Hulme State, em Manchester (Inglaterra), e na área de Heron Court, em Londres, à beira do rio Tâmisa, região sujeita a alagamentos.