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Estádios da Copa de 2014 importam estruturas

Data: 31/10/2011
Fonte: Valor Econômico

Por Guilherme Meirelles

As companhias responsáveis pela construção ou reforma dos estádios para a Copa de 2014 não estão dando a devida atenção para ações preventivas contra a corrosão e até o momento não incluíram processos de galvanização em seus projetos. O alerta é de Ulysses Nunes, diretor consultivo do Instituto de Metais Não Ferrosos (ICZ). Com exceção dos projetos dos estádios de Salvador e Fortaleza, que estão importando estruturas metálicas galvanizadas, nas demais obras não estão detalhadas as especificações de tratamento a serem aplicadas em assentos, gradis ou corrimãos, peças que se oxidam com rapidez caso fiquem desprotegidas ao permanecer expostas à poluição e aos fenômenos meteorológicos, principalmente nas cidades litorâneas. "Vai sobrar para o torcedor, que certamente terá problemas no futuro", afirma. Segundo Nunes, a sensação que fica é que a prioridade foi oferecer um preço mais baixo para ganhar a licitação, sem se preocupar com o legado para as futuras gerações.

Dos 12 estádios escolhidos para sediar as partidas da Copa 2014, ao menos sete deverão receber estruturas metálicas em suas coberturas: o Arena Salvador (em Salvador), Arena das Dunas (em Natal), Arena da Baixada (em Curitiba), Castelão (em Fortaleza), Estádio Nacional (em Brasília), Arena Cuiabá (em Cuiabá) e o Beira-Rio (em Porto Alegre). "Em Cuiabá, por questões de custos, o projeto não contempla galvanização e cita apenas uma pintura modesta", observa Nunes.

A estimativa de gastos com estádios é de R$ 5,81 bilhões, sendo que até outubro, de acordo com dados da CGU (Controladoria Geral da União) foram gastos R$ 764,4 milhões. Segundo estudo do ICZ, o total de obras previsto para a Copa (construção civil e infraestrutura) deverá exigir o consumo de 1,5 milhão de toneladas de aço, com expectativa de que 8% sejam galvanizados. Caso a previsão se confirme, o país obterá uma economia de R$ 500 milhões em 25 anos em gastos com manutenção.

Porém, Nunes teme que o que era para se tornar uma excelente oportunidade para as companhias galvanizadoras acabe se tornando uma frustração para o setor. "Vamos acabar ficando apenas com as placas de sinalização e com os postes", lamenta. As poucas informações disponíveis dão conta que o uso da galvanização ocorrerá apenas de forma pontual, como nos assentos do Maracanã.

Para o ICZ, caso não haja uma revisão nos projetos e um investimento maior em manutenção preventiva, o Brasil ficará atrás até mesmo do trabalho realizado na Copa de 2010, quando a maior parte dos estádios sul-africanos recebeu estruturas metálicas galvanizadas. Segundo o engenheiro Frank Goodwin, do International Zinc Association (IZA), o conceito internacional para a construção das futuras arenas está baseado na sustentabilidade, que prevê estádios modulares (que possam ter sua capacidade alterada, conforme a utilização), fontes de energia renovável e uso de estruturas, processos e materiais que não agridam o meio ambiente.

Não por acaso, a Fifa batizou a Copa de 2014 como um evento "Green Goals", fixando metas de sustentabilidade. Ao se galvanizar uma estrutura de aço em um estádio, estará se garantindo a durabilidade da cobertura por pelo menos 50 anos, sendo que tanto o aço como o zinco aplicado na galvanização são materiais recicláveis e estão de acordo com os princípios internacionais de sustentabilidade.

Até o momento, o projeto mais avançado e que melhor especifica as ações de proteção contra a corrosão é o da futura Arena Salvador, na capital baiana. O projeto foi elaborado pelo arquiteto Marc Duwe e pelo escritório alemão Schulitz+Partner, que demonstraram preocupação com a durabilidade dos materiais. Todas as cercas, alambrados, portões e detalhes arquitetônicos de aço ou ferro fundido serão galvanizados a fogo e, consequentemente, terão uma vida útil bem mais longa. O projeto foi o único a ser escolhido por concurso público.

O investimento total previsto é de R$ 591,7 milhões, sendo R$ 323,7 milhões do BNDES. As obras estão a cargo da Odebrecht e da OAS.

Com a nova arena, a Bahia quer apagar de vez a triste lembrança de 2007, quando o antigo estádio da Fonte Nova foi palco de uma tragédia devido ao descaso com a manutenção. Sete torcedores morreram após a queda de um pedaço da arquibancada. Cerca de 30 ficaram feridas. No momento da tragédia, aproximadamente 60 mil torcedores estavam no local.

Na época, o laudo da Escola Politécnica da UFBA apontou falhas na construção do anel superior e falta de revisão estrutural. Entre as falhas, havia uma inclinação nos assentos que gerou acúmulo de líquidos na junção entre o assento e o encosto, o que favoreceu o desgaste da estrutura metálica e do concreto. Caso houvesse manutenção preventiva ou uso de peça galvanizada, este desgaste não teria ocorrido. O estádio foi totalmente demolido.

Em 1992, por ocasião da final do campeonato brasileiro, entre Flamengo e Botafogo, as grades que ficavam no primeiro degrau das arquibancadas do Maracanã cederam e causaram a morte de três torcedores e mais de 90 feridos. A perícia constatou que a grade apresentava alto grau de corrosão.

 

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