Galvanização: fixadores e estruturas mais resistentes

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A galvanização por imersão a quente garante maior vida útil aos fixadores rosqueados e, consequentemente, às estruturas em cuja montagem eles são utilizados.

Tamanhos – normalmente, a rosca fêmea é usinada com uma medida maior do que os padrões usuais e, após a galvanização, ela é repassada, a fim de evitar excessos de material. A rosca macho é usinada nos padrões normais e, após a galvanização, passa a ter uma sobremedida devido à camada de zinco, a qual é absorvida na usinagem de repasse da rosca fêmea.

No repasse do filete da rosca fêmea, pode ocorrer que esta fique total ou parcialmente sem a camada de zinco. Esse fato em nada prejudica a proteção, pois, após o rosqueamento, o filete não protegido da fêmea fica protegido pelo zinco em contato direto do filete do macho. Na prática, isso é observado em parafusos e porcas galvanizadas que permanecem roscados por longo período sem demonstrar nenhum sinal de corrosão nessas regiões.

Uniformidade do revestimento
- Apesar de existir uma certa tendência de a galvanização por imersão a quente ser mais espessa nos filetes das roscas, um revestimento quase uniforme pode ser obtido com equipamentos modernos no processo de centrífuga.

Acabamento e aparência
- Os fixadores galvanizados normalmente têm uma cor cinza-claro brilhante, mas, em certas classes de parafusos de alta resistência, o revestimento pode ser cinza-fosco por causa do maior conteúdo de silício do aço, o que faz com que eles sejam mais reagentes ao zinco fundido. Fixadores galvanizados por imersão a quente a alta temperatura (cerca de 500° C) tendem a ter cor cinza-fosco, em virtude da estrutura do revestimento formado quando o componente é resfriado.

Armazenamento
Fixadores galvanizados devem ser armazenados sob condições bem ventiladas e secas, para minimizar a ocorrência de manchas pelo armazenamento úmido.

Especificação precisa
Se a exigência for de uma vida útil longa, é importante especificar a galvanização por imersão a quente.
Especificar simplesmente galvanização pode causar confusão com outros processos de deposição de zinco, que não conferem com a mesma especificação.

Parafusos de alta resistência 
Os parafusos de alta resistência de classe geral (até classe 8.8) para ABNT NBR 8855 podem ser galvanizados sem dificuldades. Os parafusos classe 10.9 são galvanizados, mas, antes da galvanização por imersão a quente, podem exigir limpeza por jateamento, como um tratamento alternativo. Nos parafusos de grade 12.9 e fixadores com maior resistência, deve ser evitada a galvanização devido ao risco de fragilização por hidrogênio.

Soldagem de aço galvanizado 
Testes no Instituto de Soldagem, patrocinados pela Organização Internacional de Pesquisa do Zinco (International Lead Zinc Research Organisation – ILZRO) estabeleceram que soldagens de qualidade satisfatória podem ser feitas em aço galvanizado por imersão a quente e que as propriedades de tensão, curvatura e fadiga dessas soldagens podem ser praticamente idênticas àquelas de soldagens similares feitas no aço não revestido. A velocidade da soldagem é reduzida e ocorrem mais respingos, principalmente na soldagem com CO2.

Todos os processos de soldagem de fusão podem ser prontamente utilizados no aço galvanizado, mas pequenas variações podem ser necessárias, dependendo dos processos de soldagem utilizados, do tipo de junta e da posição da soldagem. Por exemplo, com soldagem manual a arco de metal:

- Uma leve ação de’chicote’para movimentar o eletrodo para frente e para trás, na linha da junta, estimula a volatilização do zinco diante da piscina de solda.

- Intervalos um pouco maiores são recomendados em junções de topos para que ocorra penetração completa.

- Uma largura de arco menor oferece melhor controle da piscina de solda e ajuda a evitar penetração em excesso, intermitente ou reduzida.

- Eletrodos revestidos básicos ou rutílicos podem ser utilizados, mas testes simples de procedimento devem ser feitos antes da realização da soldagem da produção.

Cuidados especiais de segurança devem ser observados na soldagem de materiais galvanizados.

Prevenção de ferrugem 
Todas as soldagens feitas em peças galvanizadas devem ser protegidas contra a corrosão, assim que a soldagem for finalizada, pois a superfície superior está sem proteção e é fácil de ser tratada.

Curiosidade 
Atualmente, 40% das novas residências no Canadá são construídas através da montagem com estruturas metálicas galvanizadas, no Chile, 35%, na Argentina, em torno de 8%, e no Brasil, quase 4%.

Paulo Silva Sobrinho é engenheiro e coordenador técnico do lCZ - Instituto de Metais Não Ferrosos (paulo.sobrinho@icz.org.br).

Fonte: Revista Siderurgia Brasil