29/02/2016
Fonte: Revista Construção Mercado, nº 175
Conheça as principais características do sistema interno de para-raios
Caracterizados por condutores elétricos instalados na estrutura das edificações, os sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA) estruturais são também uma opção interessante do ponto de vista financeiro para os construtores.
"São sistemas com custo entre 50% e 70% mais baixo do que os para-raios externos e têm custo menor pelo fato de usarem barras de aço e serviços da própria obra, dispensando os condutores de alumínio, cobre e mão de obra especializada para a realização das descidas e dos anéis de cintamento horizontal. Esses sistemas oferecem melhor proteção contra raios que caiam nas proximidades da edificação e que são capazes de provocar surtos induzidos nas instalações e equipamentos internos", diz Normando Virgilio Borges Alves, diretor técnico da Termotécnica Para-Raios e integrante da comissão de revisão da norma NBR 5.419 - Proteção Contra Descargas Atmosféricas.
O SPDA estrutural tem como vantagem o baixo impacto estético e a ausência de risco de furto dos elementos, já que os condutores e outras peças do sistema ficam cobertos de concreto. "O único ponto desfavorável é a possibilidade de medo do construtor em executar este sistema por não conhecê-Io", diz Alves.
Como em qualquer instalação de engenharia, o processo de implantação do SPDA estrutural deve ser iniciado com a contratação de um projeto específico realizado por um profissional ou empresa registrada no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea). O sistema também deve respeitar a NBR 5.419, que ganhou uma nova versão em 2015, mas que não trouxe muitas novidades para este tipo de sistema dentro do concreto armado.
Veja, a seguir, os principais elementos do SPDA estrutural com o uso de barra de aço galvanizada a fogo:
1 - Aterramento pelas fundações
Os condutores devem ser instalados do ponto mais profundo do tubulão até a base dos pilares da edificação. Essas barras de aço galvanizado a fogo, chamadas RE-BARs, devem ser posicionadas também nas vigas baldrame do prédio, interligando todos os pilares. Essa barra usada nas fundações deverá possuir, no mínimo, 10 mm de diâmetro. A instalação dos condutores desde as fundações substitui as malhas de aterramento convencionais.
2 - Descidas
As RE-BARs de descida, com diâmetro de 8 mm e comprimento variando de 3 m a 4 m devem ser conectadas em todos os pilares, ligando o subsistema na fundação à laje de cobertura do prédio. As barras sempre devem estar colocadas na posição mais externa da estrutura, amarradas aos estribos com arames. Além disso, devem ser presas com arame recozido aos vergalhões de vigas e lajes da edificação por meio do uso de barras em forma de "L" com 20 cm de lado. A conexão entre uma barra e outra deve se dar por meio de clipes galvanizados, com transpasse de 20 cm.
3 - preparação para o sistema de captação
Vencida a última laje, as RE-BARs devem ser posicionadas de acordo com o subsistema de captação que será adotado - Franklin, eletrogeométrico ou Gaiola de Faraday. Conectores estruturais devem realizar a ligação das RE-BARs com os terminais aéreos do subsistema de captação e condutores horizontais, tanto na lateral da platibanda quanto por cima dela. O projeto do SPDA detalha o subsistema de captação, assim como a proteção e o aterramento de massas metálicas expostas.
4 - Subsistema de equalização de potenciais
Caixas de equalização de potencial elétrico devem ser instaladas no térreo e a cada 20 m de altura ou em cada pavimento, dependendo do projeto. A ligação das armações da estrutura e de elementos metálicos especificados no projeto de SPDA é feita por meio de conectores estruturais. Após a execução desse procedimento dentro do concreto armado é sugerido que sejam feitos testes de continuidade elétrica - na norma, chamada de primeira verificação - para validar se realmente a estrutura é contínua. Caso sejam detectados problemas, eles poderão ser contornados na etapa da obra.
Após a instalação dos demais subsistemas de proteção de captação, equipotencialização e medidas de proteção contra surtos, deverá ser feita a verificação final, com o sistema de proteção todo instalado e funcionando. Deverá ser emitido um laudo de conformidade pelo engenheiro responsável pelos ensaios de continuidade elétrica comprovando ou não a continuidade da estrutura de acordo com os critérios estabelecidos no anexo F da parte 3 da NBR 5.419.
Por Rosa Symanski
Apoio técnico: Termotécnica, Montal e Hélio Eiji Sueta, secretário da comissão de estudo que elaborou a versão atual da NBR 5.419.
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